quarta-feira, 22 de junho de 2011

Modinhas


Nascida no Brasil no século XVII, a modinha teve seu primeiro momento de glória na década de 1770, quando foi apresentada na corte de Lisboa pelo poeta, compositor, cantor e violeiro Domingos Caldas Barbosa (1740-1800). O grande sucesso alcançado pelo gênero – denominado modinha para diferenciar-se da moda portuguesa – levou músicos eruditos portugueses a cultivá-lo, só que de forma requintada, adicionando-lhe características da música de ópera italiana. Assim, aproximaram a cantiga colonial das árias portuguesas, praticamente transformando-a em canção camerística. Foi com esse feitio que ela voltou ao Brasil no início do século XIX.
Ao mesmo tempo suave e romântica, chorosa quase sempre, a modinha seguiu então pelo resto do século como o nosso melhor meio de expressão poético-musical da temática amorosa. Composta geralmente em duas partes, com predominância do modo menor e dos compassos binário e quaternário, a modinha do período imperial jamais se prendeu a esquemas rígidos, primando pelas variações. O primeiro modinheiro a se destacar no começo dos oitocentos foi o compositor Joaquim Manoel (da Câmara), morto por volta de 1840. Exímio violonista e cavaquinhista, ele impressionava a todos que o ouviam, inclusive o músico austríaco Sigismund Neukomm, professor de Pedro I, que harmonizou 20 de suas modinhas. Joaquim Manoel deixou várias peças de qualidade como Se Me Desses Um Suspiro, Desde o Dia em Que Nasci e A Melancolia, tendo esta servido de tema para a fantasia L'Amoreux, de Neukomm.

O Schubert das modinhas

Mas o maior modinheiro dessa geração foi o violinista, cantor, poeta e compositor Cândido Inácio da Silva. Nascido no Rio de Janeiro em 1800, estudou com o padre José Maurício, que o orientou em sua trajetória artística. São de sua autoria modinhas como Cruel Saudade, A Hora Que Não Te Vejo, Um Só Tormento de Amor e as famosas Buscam a Campina Serena e Quando as Glórias Eu Gozei, publicadas em Modinhas Imperiais, de Mário de Andrade, que o considerava o Schubert brasileiro. Cândido compôs ainda valsas e lundus e mais não fez por que a morte o surpreendeu aos 38 anos.
Entre os numerosos autores de modinhas na primeira metade do século XIX, podem ainda ser citados Quintiliano da Cunha Freitas, Lino José Nunes, Francisco da Luz Pinto, os padres Augusto Baltazar da Silvira e Guilherme Pinto da Silveira Sales, além dos eruditos – como o padre José Maurício (1786-1830), Francisco Manoel da Silva (1795-1865), Domingos da Rocha Mussurunga (1807-1856) – que eventualmente compuseram obras do gênero. Pertence ainda ao período um vasto repertório de modinhas de autores desconhecidos, sendo algumas delas de ótima qualidade, como é o caso de Vem Cá Minha Companheira, Se Te Adoro, Vem a Meus Braços, Róseas Flores da Alvorada, Deixa Dália, Flor Mimosa e Acaso São Estes (que ganhou letra de Tomás Antônio Gonzaga), famosas depois de sua publicação na citada coletânea Modinhas Imperiais.
 No fim do século XIX e início do XX, renovada por músicos do povo e sob a forma de canção ternária, assimilada da valsa, a modinha viveu sua fase de maior popularidade, ganhando as ruas como música serenata. Um dos principais responsáveis por essa popularização foi o mulato baiano Xisto Bahia (1841-1894), que além de ser bom ator, notabilizou-se como cantor e compositor de modinhas e lundus. São de sua autoria, por exemplo, A Mulata (com Melo Moraes Filho) e Quis Debalde Varrer-te da Memória (com Plínio de Lima), duas das modinhas mais conhecidas de todos os tempos. Outros sucessos que também marcaram o fim do século foram Na Casa Branca da Serra (Guimarães Passos e J.C. de Oliveira), Perdão Emília (José Henrique da Silva e J. Pedaço), O Gondoleiro do Amor (Salvador Fábregas e Castro Alves), Mucama (Gonçalves Crespo), Quem Sabe (Carlos Gomes), Elvira Escuta (anônimo) Foi Uma Noite Calmosa (anônimo) e O Bem-Te-Vi (Miguel Emídio Pestana e Melo Moraes Filho).

domingo, 29 de maio de 2011

A VOLTA DA FAMÍLIA REAL PARA PORTUGAL


         Descrição: http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/conheca_pais/portugal/antiga/galeria/05.jpg

         O regresso do rei Dom João VI para Lisboa, foi um desastre para a música no Brasil. O nível da música baixou bruscamente. Com o incêndio do teatro de São João em 1824, no Rio de Janeiro, agravou mais ainda a situação. Descrição: http://fims.up.pt/imagens/teatro_sao_joao.jpg
         Mas mesmo assim, visitantes que passaram pelo Rio de Janeiro nos primeiros séculos deram depoimentos elogiosos. Jacobus van Boelen diz em 1826: “A ópera imperial pe esplendidamente construída e preparada, é igual em tamanho ao Stads Schouwburg, de Amsterdã. As óperas e os bailados, para qual suntuosidade e beleza nada poupam, são executados por artistas italianos e merecem os maiores elogios.” É bom recordar que naquele ano o teatro havia sido restaurado com o nome  de:São Pedro de Alcântara.*
         É importante lembrar que alguns compositores ficaram no Brasil, entre eles, Marcos Portugal (já idoso), Descrição: http://1.bp.blogspot.com/_ZldDFDK-eo4/SchPT33fPvI/AAAAAAAADz4/tR-8te16H14/s400/Marcos+Portugal.jpg 
Mas ainda assim era inevitável a brusca queda na qualidade musical, que era privilégio para poucos.
         É importante ressaltar que a abdicação forçada de Dom Pedro I, em 1831, sete de Abril, piorou a situação da música.
“Depois do tempo de Dom João VI, projetou-se uma longa sombra sobre a música brasileira até o aparecimento de Carlos Gomes.
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Nesse período só uma figura velava pelo nosso patrimônio musical, Francisco Manuel.”
Descrição: http://ts4.mm.bing.net/images/thumbnail.aspx?q=891229116715&id=cd7bd0a54f256a8bcc39f95fc4308666&url=http%3a%2f%2fhistoriacolegiao.files.wordpress.com%2f2010%2f03%2ffrancisco_manuel_da_silva.jpg%3fw%3d199%26h%3d284 Esse Francisco Manoel foi aquele que comporia o nosso atual Hino Nacional Brasileiro.
         Depois de muita luta, a música profana conseguiu sobreviver nesse período.
         A ópera italiana manteve o interesse pela música, e no teatro do Rio eram encenadas algumas óperas de Rossini, muito apreciadas pelos mais abastados, que podiam assisti-las.      
                                                               Descrição: http://ts2.mm.bing.net/images/thumbnail.aspx?q=972335546781&id=b13e4946bf0daf4f181b3844fe55c3ef&url=http%3a%2f%2fwww.musicsquare.it%2fwp-content%2fuploads%2f2009%2f05%2faida2mod.jpg                

quinta-feira, 28 de abril de 2011

António José da Silva


António José da Silva (08/05/1705 – 19/10/1739)




Nascido no Brasil colónia (Rio de Janeiro), cognominado “o Judeu”, que alcançou grande sucesso em Lisboa, com seu Teatro Mordaz, o que lhe valeu as iras da Inquisição. Foi degolado e queimado como punição. Mas sua popularidade continuou e chegou até os primeiros anos do Império.
Ele adaptava trechos de óperas, minuetos, fandangos, contradanças, modinhas e até lundus. Suas comédias de costumes continham cenas faladas, declamadas ou recitadas, às quais se seguiam árias, duetos, coros e danças. Há provas que suas peças no Rio e na Bahia, suas peças eram encenadas com frequência. Sendo as mais populares: Vida do Grande Dom Quixote de la Mancha, e do Gordo Sancho Pança(1733), Esopaida (1734), Os Encantos de Medéia (1735), Anfitião (1736), Labirinto de Creta (1736), Guerras do Alecrim e Manjerona (1737), As Variedades de Proteu (1737) e Precipício de Faetonte (1738).
A sua vida é retratada no filme luso-brasileiro O Judeu (1995).

segunda-feira, 28 de março de 2011

"Concertos no periodo do Imperio"

O bel canto estava em seu auge na Europa, e era apreciadíssimo no Brasil, especialmente na capital, mas também em Recife, São Paulo e Salvador. Há registro de inúmeras representações de obras de Rossini, Bellini, Donizetti e mesmo Verdi, além de compositores franceses como Meyerbeer, Adam e Hérold. Em 1857 foi criada a Ópera Nacional, sob inspiração de José Amat, e logo a iniciativa foi respaldada pelo governo. De início dedicada a apresentação de zarzuelas e óperas cômicas, logo passou a incorporar ao repertório obras sérias brasileiras de José Ferreira, Elias Álvares Lobo e Carlos Gomes, e algumas óperas estrangeiras foram encenadas no vernáculo. A voga da ópera perduraria até meados do século XX e seria o motivo para a construção de uma série de teatros importantes, como o Amazonas de Manaus, o Municipal do Rio, o São Pedro em Porto Alegre, o da Paz em Belém e diversos outros, todos de proporções majestosas e decorados com requintes de luxo.
Apesar da primazia da ópera a música instrumental também era praticada, sendo o piano o instrumento privilegiado. Alguns pianistas importantes realizaram recitais aqui, como Sigismond Thalberg em 1855, e Gottschalk fez furor com sua Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro. Nesta época algumas associações privadas se organizaram para realização de recitais e concertos destinados a sócios em São Paulo, onde Alexandre Levy criou o Clube Haydn, e no Rio, onde o Clube Mozart, fundado em 1867, e o Clube Beethoven, de 1882, realizaram centenas de concertos.
Entre os meados do século XIX e o início do século XX tiveram um papel importante através de sua produção com características progressistas Leopoldo Miguez, seguidor da escola wagneriana, Glauco Velásquez, de curta e brilhante aparição, e Henrique Oswald, que empregava elementos do impressionismo musical francês.
Após Carlos Gomes passou-se a prestar mais atenção ao que poderia constituir uma música autenticamente brasileira. Neste sentido o rico folclore nacional foi a peça-chave, e compositores utilizaram seus temas para elaborações eruditas, embora ainda seguidoras em linhas gerais de escolas estrangeiras. Brasílio Itiberê da Cunha também foi um dos precursores desta corrente, com sua rapsódia A Sertaneja, para piano, escrita entre 1866 e 1869. Outros nomes importantes são Luciano Gallet e Alexandre Levy, de escola européia, mas que uma forma ou outra buscaram incorporar elementos tipicamente nacionais em sua produção. O caminho estava aberto, e um sabor definitivamente brasileiro pode ser encontrado na obra de Antônio Francisco Braga, e especialmente em Alberto Nepomuceno, que empregou largamente ritmos e melodias do folclore em uma síntese inovadora e efetiva com as estruturas formais de matriz européia. A atuação de Nepomuceno também foi importante por ter ele sido presidente da primeira associação brasileira dedicada a concertos sinfônicos públicos.


segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A Música no Período do Império (1822-1889)

            O período conhecido como Império corresponde ao que conhecemos como Romantismo Brasileiro nas artes. Nesse período, estabilizou-se a política brasileira, possibilitando a intensificação da vida cultural, de que se beneficiou o momento musical.
            Campahias italianas deixam aqui músicos e instrumentos. Não só no Rio de Janeiro, mas também na Bahia e Recife eram recebidas com entusiasmo. Sociedades musicais foram fundadas em todo território nacional para difundir a música sinfônica e de câmera. Os concertos eram numerosos, não apenas de virtuosos estrangeiros; os jornais ja começavam a destacar-se, muitos instrumentistas estrangeiros ficavam aqui como professores. Os instrumentistas de sopro se originaram como nossos hábeis flautistas, cantavam-se modinhas, lundus, landainhas, cantigas de roda, fios, que de Portugal se espalharam por todo Brasil, hoje mantidos principalmente no Nordeste.
          
         A figura central nestes tempos, foi Francisco Manuel da Silva, discípulo do Padre José Maurício e sucessor de seu mestre na Capela. Apesar de ser compositor de escassos recursos, merece crédito por sua importante atividade organizadora, fundando o Conservatório de Música do Rio de Janeiro e sendo o regente do Teatro Lírico Fluminense e depois da Ópera Nacional. Também foi o autor do Hino Nacional Brasileiro. Sua obra refletiu a transição do gosto musical para o Romantismo, quando o interesse dos compositores nacionais recaiu principalmente sobre a ópera. Neste campo a maior figura foi sem dúvida Antônio Carlos Gomes, que compôs óperas com temas nacionalistas, mas com estética européia, tais como Il Guarany e Lo Schiavo, que conquistaram sucesso em teatros europeus exigentes como o La Scala, em Milão.


Com a Independência, em 1822, nasce o Brasil como nação, já que anteriormente o país era colônia portuguesa. Nesta época, surgiram movimentos de renovação das artes. Impulsionados pelo Romantismo europeu, pintores, escritores, músicos e dramaturgos retratavam o Brasil e suas origens. Deste movimento, surge o Indianismo, cuja obra mais conhecida é  o Guarani, de José de Alencar (CE, 1829-1877).

       A figura de maior destaque, na ópera brasileira, é Carlos Gomes (1836-1896). Nascido em Campinas, e patrocinado por Dom Pedro II, obteve grande prestígio na Itália. Posteriormente, voltou ao Brasil e, por ter sido apoiado pelo Imperador, sofreu represálias dos republicanos.
Sem espaço na capital, transferiu-se para Belém do Pará, onde dirigiu o Conservatório de Música local.

        A segunda metade do século XIX também é o período de florescimento de vários gêneros populares. Entre os mais importantes, está o maxixe, considerado por muitos autores como o primeiro gênero musical genuinamente brasileiro.
Chiquinha Gonzaga (RJ, 1847-1935) é umadas grandes desta época.
     
Em Breve voltaremos a postar outros textos relacionados a Música Brasileira.